03 agosto 2025

WE ARE THE FALLEN: uma breve saga presa à sombra do EVANESCENCE

Por Júlio Feriato

Após abandonar o EVANESCENCE no meio de uma turnê em 2003, o guitarrista Ben Moody seguiu carreira escrevendo e produzindo para artistas como Avril Lavigne, Kelly Clarkson, Celine Dion e Anastacia, além de lançar sua própria gravadora e um CD solo.

Mas em 2009, depois da saída do baterista Rocky Gray e do guitarrista John LeCompt do Evanescence, Moody reuniu os ex-colegas para formar o WE ARE THE FALLEN. Para completar o time, convidaram Carly Smithson, que ganhou destaque como finalista da 7ª temporada do American Idol em 2008, para assumir os vocais, junto do baixista Marty O’Brien. O nome da banda remete diretamente ao álbum Fallen, do Evanescence — uma escolha que já entregava a intenção clara de se aproximar da sonoridade e do espírito daquele período.


A ideia surgiu da vontade de Moody e dos outros membros em retomar uma sonoridade que eles sentiam que havia sido perdida após suas saídas do Evanescence. O grupo queria, de certa forma, resgatar a essência do gothic metal melódico que havia marcado o início da década passada. Porém, isso trouxe consigo um problema: a constante comparação com a banda que os projetou. Carly Smithson, apesar de talentosa, carregava uma voz muito próxima da de Amy Lee, o que para alguns parecia mais uma imitação do que uma identidade própria.


O We Are The Fallen rapidamente gravou e lançou o álbum Tear The World Down em 2010, contando com a produção de Dan Certa. O disco trouxe a mistura de guitarras pesadas, teclados atmosféricos e letras melancólicas que remetem diretamente ao estilo de Evanescence, sem, no entanto, conseguir imprimir uma voz ou direção verdadeiramente original. Faixas como “Bury Me Alive” e “Paradigm” são emblemáticas nesse aspecto, praticamente ressuscitando uma fórmula já bem conhecida do público.

Apesar do lançamento gerar alguma expectativa, a recepção foi morna. Muitos críticos apontaram a falta de inovação e o apego excessivo às raízes do Evanescence como fatores que prejudicaram o crescimento do grupo. O álbum teve boa aceitação entre fãs do gênero, mas não conseguiu se firmar em um mercado que já buscava novidades.


Logo após a turnê de divulgação, a banda entrou em hiato. O silêncio nos anos seguintes indicou um fim prático para o We Are The Fallen, embora não tenha havido um anúncio oficial de encerramento. Carly Smithson retomou sua carreira solo e permanece ativa, participando de eventos e lançamentos esporádicos, incluindo apresentações em festivais como o ShipRocked em 2022. 

Ben Moody voltou a focar em produção e composição, mantendo-se mais nos bastidores e até compartilhando versões reimaginadas de músicas do álbum Fallen para celebrar o 20º aniversário daquele disco. Rocky Gray, conhecido também por sua passagem por bandas como Living Sacrifice e Soul Embraced, seguiu ativo na música, envolvendo-se em diversos projetos paralelos e lançando um álbum solo em 2015. 

John LeCompt continuou trabalhando em projetos independentes, mantendo-se presente no cenário underground, enquanto Marty O’Brien consolidou sua carreira como baixista de sessão e turnê, colaborando com nomes como Static-X, Tommy Lee e Daughtry, com quem chegou a fazer turnê em 2022.

O We Are The Fallen, hoje, é lembrado mais como um experimento que nunca conseguiu se desvencilhar da sombra do passado. Um esforço que, apesar de sólido tecnicamente, acabou aprisionado na nostalgia, incapaz de construir uma trajetória própria e duradoura.