22 maio 2018

"O metal puro e verdadeiro não pode ser misturado a outros estilos."

Por Ricardo Batalha


"O metal puro e verdadeiro não pode ser misturado a outros estilos." Você não leu errado. Isto é o que alguns apregoam por aí em redes sociais, grupos fechados ou mesmo à boca aberta. Amigo, você está errado! E você é um extremista radical de mente pequena que precisa estudar um pouco e conhecer música.

O heavy metal, por si, já é uma mistura de estilos, uma criação que se originou do rock'n'roll. Este, por sua vez, é uma mescla da herança que veio do blues, R&B, country, gospel, jazz e boogie woogie. Se quer negar a história, apagá-la para se sair bem em uma roda de conhecidos que entendem tudo do "metal verdadeiro", faça. Saiba, porém, que o "loser" posudo e boquirroto nessa história é você. Não existem regras, muito menos uma fórmula exata ou um manual de instruções a serem seguidos, à risca, no mundo da música. Ademais, não existem bandas idênticas, que fazem exatamente o mesmo tipo de música.

Imagine que chato seria se fosse assim, não é mesmo? Além disso, a expressão "metal verdadeiro" é uma das mais simplistas, imbecis e baixas que já ouvi na vida. O "verdadeiro" de hoje pode ser o "falso" de amanhã. Não se esqueça disso. O ser humano comete falhas, tem ambições, cresce, evolui e não gosta de se sentir preso a um ciclo eterno de repetições.


Não é crime conhecer obras "obscuras", diferentes, ousadas e vanguardistas. Seria legal se todos ao menos comentassem e discutissem com mais coerência e menos paixão obsessiva (seria um Transtorno Obsessivo-Compulsivo-Metálico?). Quem está preso à legislação do "metal verdadeiro" já cometeu diversos "deslizes", mas não foi "punido" pelos seus pares. Tampouco evoluiu. 

Claro, porque o extremista radical sempre tem a sua própria razão, segue suas regras e tem as suas convicções do que é certo ou errado. Ele vai tentar lhe explicar o motivo que fez a banda que tanto adora "falhar" ao ousar e fazer algo diferente.

E olha que não me eximo de "culpa" por dizer abertamente que detesto a música praticada por diversas bandas, seja qual for a época. Ninguém é proibido de detestar algo. Detestar vem de sentir aversão, que desagrada ou causa desprazer. Mas, pense um pouco, porque o detestar não tem que estar vinculado com nenhuma regra. Isso sim é abominável. Música é liberdade, é arte. 

Se você quer seguir preso a um modelo inexistente, boa sorte. Eu vou ficar aqui curtindo misturas das mais inimagináveis que fizeram, fazem e poderão vir a fazer neste amplo e frutífero mundo do heavy metal. Aquele mesmo, que veio do rock'n'roll, estilo ligado à rebeldia, de ir contra... regras.