06 agosto 2025

A história por trás da capa de "Bark of the Moon", de OZZY OSBOURNE

Por Julio Feriato

Ozzy enfrentou horas de maquiagem para criar uma das capas mais marcantes de sua carreira.
Na gélida noite de outubro de 1983, Ozzy Osbourne estava agachado sobre uma árvore caída, coberto de pelos sintéticos e maquiagem protética que o transformavam em um lobisomem. A cena, cuidadosamente construída, era parte da produção da capa e do videoclipe de Bark at the Moon, terceiro álbum solo do vocalista britânico, lançado após a morte trágica de seu guitarrista e amigo Randy Rhoads, no ano anterior.

A locação escolhida foi o tradicional Shepperton Studios, nos arredores de Londres — conhecido por ter recebido produções como Alien, de Ridley Scott, filmes da série Pantera Cor-de-Rosa e até o polêmico show "falso" do Led Zeppelin, The Song Remains the Same. Naquela ocasião, o espaço foi requisitado pelo fotógrafo britânico Fin Costello, responsável pelas capas dos álbuns anteriores de Ozzy: Blizzard of Ozz (1980) e Diary of a Madman (1981), além de clássicos como Alive! (1975), do Kiss.


A produção exigiu um planejamento mais elaborado. Em entrevista à Revolver Magazine, em 2010, Costello revelou que a proposta inicial do diretor de arte da gravadora CBS, Roslav Szaybo, era vestir Ozzy com uma pele de lobo comum. “Ozzy não gostou da ideia e quis algo mais extremo”, disse o fotógrafo.

A solução veio com a ajuda de Sharon Osbourne, que acionou o maquiador de efeitos especiais Greg Cannom, conhecido por seu trabalho no clipe de Thriller, de Michael Jackson. Cannom produziu as próteses em Los Angeles, incluindo garras e moldes faciais. Enquanto isso, Ozzy e Costello buscavam referências em livros sobre lobisomens em reuniões realizadas em pubs londrinos. O processo criativo durou cerca de um mês.

No dia da sessão, Osbourne chegou ao estúdio às seis da manhã para iniciar a transformação, mas as filmagens começaram apenas às dez da noite. “Ele usava apenas meias pretas — o restante do corpo estava coberto por pelos”, contou Costello. “Apesar do frio intenso e de passar mais de cinco horas filmando ao ar livre, Ozzy não reclamou em nenhum momento.”

A icônica imagem da capa é resultado da junção de duas fotografias: uma em 35mm do vocalista caracterizado como lobisomem e outra, usada como fundo, da lua cheia, capturada durante uma sessão anterior no Ridge Farm Studios, em Surrey — local onde o álbum foi gravado. “Tecnicamente, é uma composição imperfeita, mas funcionou perfeitamente”, avaliou Costello. “Assim como Alive!, essa imagem ganhou vida própria com o tempo.”

Quarenta e dois anos depois, Bark at the Moon permanece como um dos registros visuais mais memoráveis da carreira de Ozzy Osbourne — e uma referência duradoura do cruzamento entre heavy metal e imagética cinematográfica de horror.


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