28 julho 2021

Da Argentina para o mundo: conheça o black metal dos hermanos LOS MALES DEL MUNDO

Por Julio Feriato / Fotos: Internet
Agradecimentos: Diego Porpatto


O LOS MALES DEL MUNDO é um projeto argentino de black metal formado em 2016 por Cristián Yans (guitarra) e Dany Tee (vocal,bateria).

O primeiro registro da dupla, o ep autointitulado lançado de 2020, chamou atenção do selo alemão Northern Silence Productions e o resultado da parceria foi o estupendo debut Descent Towards Death, lançado em fevereiro deste ano, que exibe um black metal gélido, mas emotivo e estupidamente violento. 

Confira logo abaixo a entrevista que fiz com os músicos, onde eles falam sobre a cena argentina e dão sua opinião sobre algumas bandas brasileiras.

Heavy Nation: LOS MALES DEL MUNDO é composta por dois músicos. Como vocês se conheceram e como surgiu a ideia de formar uma banda de black metal? 
Cristian: Dany e eu nos conhecemos há mais de uma década e ao longo de todos esses anos, tivemos inúmeras conversas sobre o desejo de criar música juntos, mas geralmente devido a limitações de tempo, não podíamos fazer isso acontecer. Naquela época, estávamos muito ocupados com nossos projetos pessoais e era muito difícil coordenar nossas agendas. Em meados de 2016, pudemos começar a trabalhar no LMDM e a partir daí nunca mais paramos. 

Nos shows ao vivo, você mantém a dupla ou tem outros músicos? 
Cristian: Embora LMDM seja um projeto de estúdio, não descartamos a ideia de tocar ao vivo, mas muitas coisas têm que acontecer primeiro para torná-lo realidade. 

Dany: Recebemos ofertas para tocar fora da Argentina com músicos renomados na cena, mas até que toda essa situação pandêmica melhore, teremos tempo para avaliá-la. O que temos certeza é de que o LMDM continuará a ser uma dupla, e, caso tenhamos que tocar ao vivo, a formação será completada com músicos contratados. 


Devo confessar que estou muito impressionado com a qualidade de Descent Towards Death. Como você chegou a uma musicalidade tão intensa? 
Cristian: Eu acho que é porque todo o processo de composição, seja artístico, conceitual ou técnico, foi feito junto no estúdio. Fazemos todo o trabalho juntos, porque gostamos de nos conectar com a música e compor de acordo com o que ela pede. É por isso que, quando se trata de trabalhar em um som, ou observar as estruturas, fazemos de forma cíclica. Uma vez feita, tentamos ver de fora e sentir o que ela precisa para que possamos mergulhar de volta nela e aprimorá-la sem tomar decisões precipitadas, demorando o tempo que precisarmos até estarmos satisfeitos. 

Percebi muitas influências do black metal escandinavo. Suas principais influências musicais realmente vem de lá? 
Dany: Em termos de composição podemos dizer que é baseado em uma mistura de várias influências, mas sempre mantendo as raízes do black metal, que é o que mais gostamos. Você encontrará trechos que vão desde o black metal mais agressivo e melódico dos anos 90 (aquele que ouvíamos quando éramos adolescentes), ao mais atual, desde sua marca sonora, com estruturas um pouco mais densas e arranjos dissonantes. Também gostamos muito e estamos muito presentes de outros gêneros musicais, como doom metal, classic heavy metal e outros estilos que foram deixando seu toque pessoal neste álbum. 


Descent Towards Death foi lançado na Europa pelo selo alemão Northern Silence Productions. Como foram os primeiros contatos com esta gravadora?
Dany: Foi assim que lançamos o ep, depois de alguns meses de espera e, enquanto isso, estávamos analisando qual gravadora entraria em contato caso não obtivéssemos uma resolução favorável. Sempre tivemos a NSP em mente pelos bons comentários que sempre recebemos dos amigos que estão na cena e que trabalharam com eles. Então, semanas após o lançamento do ep, nós os contatamos e nos oferecemos para lançar o álbum. Recebemos um e-mail no dia seguinte e começamos a acertar os detalhes do contrato. 

Cristian: Desde o início tivemos uma série de ofertas de alguns selos interessados, mas a pandemia chegou, e em meados do ano passado estávamos com o álbum finalizado, e sem uma gravadora para lançá-lo. 

Como tem sido a aceitação do disco mundo afora?
Cristian: Estamos muito gratos pela recepção que o álbum teve, tanto do público quanto da imprensa nacional e internacional! A resposta tem sido ótima e nos dá a sensação de que eles se deixaram levar pela música e pelo conceito de Descend Towards Death, pois é um trabalho que vai na contramão da tendência atual, onde o tempo de escuta e atenção são muito curtos. Ao contrário, eles se conectaram e apreciaram nosso trabalho do começo ao fim, gostando da jornada que ele proporciona e nada mais gratificante do que isso. Isso nos motiva a continuar trabalhando. 


No Brasil não temos muitas informações sobre a cena metal argentina. O que você pode me dizer sobre ela? 
Dany: O cenário argentino é pequeno se comparado a outros países latino-americanos. Porém, você pode encontrar algumas bandas de death metal, thrash metal ou classic heavy metal, algumas delas bem conhecidas e com anos de experiência, outras emergindo com um grande potencial em um futuro de curto prazo. Claro que também existe o black metal e o doom metal, com um som mais cru e cada vez mais próximo de uma abordagem mais clássica, do início dos anos 90 ou final dos anos 80. Mas acho que de todos os subgêneros, eles são os menos populares. 

E como estão as coisas hoje em dia na cena do metal durante a pandemia? 
Cristian: No nosso país não houve atividade até quase o final de 2020. No início do verão, as casas de shows receberam permissão para fazer shows com bandas locais, com capacidade máxima para 80 pessoas. Isso não durou muito, pois a atividade teve que ser encerrada novamente, devido a uma segunda onda de contágios. Atualmente existem alguns shows com capacidade limitada, mas são muito poucos. 

Agora vou lhes apresentar 5 bandas brasileiras e quero que comentem sobre cada uma delas.

CRYPTA - From The Ashes
 
Cristian: O disco delas é incrível e essa música é matadora! A vibe black metal nas melodias da guitarra tornou essa faixa obscura e muito poderosa. Elas definitivamente fizeram um trabalho incrível e a produção do vídeo é ótima. 

DOOMSDAY CEREMONY - "I Am"
 
Cristian: Agradavelmente surpreso! Não conhecia a banda. Gostei muito do black metal melódico que aparece nesses riffs, me lembra a influência de algumas bandas suecas que amamos. 

LUXÚRIA DE LILLITH - "Negras Chuvas de Sangue"
 
Cristian: Não conhecia essa banda e gostei muito! Parece que tem muitos lançamentos, com certeza vou tentar pôr em dia com todos eles e lamento não ter conhecido a banda antes!

MIASTHENIA - "Entronizados na Morte"
   
Cristian: Ótima música! Embora o black metal sinfônico não seja o subgênero que mais temos ouvido atualmente, devo admitir que sua proposta é muito bem feita e há muito trabalho por trás da faixa e do vídeo. Vou prestar atenção nos álbuns deles, pois com certeza com algumas rodadas ficarei viciado!

VALHALLA - “Evil Fills Me”
     
Cristian: Achei impressionante a atuação da vocalista! O fato dela cantar enquanto toca bateria com tanta precisão me deixou sem palavras. A proposta musical é muito poderosa, mas vê-las ao vivo acho que adiciona um ponto extra que te deixa em choque. BRILHANTE.

Quais bandas argentinas você recomendaria para quem não conhece nenhuma banda lá e por quê? 
Cristian: Gostamos daquelas bandas que são fiéis à sua proposta e comprometidas com o seu trabalho. Mencionarei alguns deles em nenhuma ordem particular, como GENUFLEXION, PSICOSFERA, PLAGUESTORM, AVERNAL, MORTUORIAL ECLIPSE, ANCESTRUM, M28, MEDIUM, AMOKLAUF, MOSTRO, SUR OCULTO, AMETHIST, HORRENDUM VERMIS, DARK BLASPHEMER, FEANOR, só pra citar algumas. 

Muito obrigado pela entrevista! Gostaria de mandar uma mensagem para headbangers brasileiros? 
Cristian: Obrigado pela difusão e apoio. Também quero agradecer a todos os fãs no Brasil que têm nos apoiado desde o início, ouvindo e compartilhando nossa música.

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