Por Julio Feriato
Formação clássica: Greg Christian (baixo), Eric Peterson (guitarra), Chuck Billy (vocal), Louie Clemente (bateria) e Alex Scholnick (guitarra) |
O TESTAMENT foi uma das primeiras bandas de thrash metal que ouvi. Os conheci por causa de uma entrevista com o guitarrista Alex Scholnick na revista Rock Brigade, quando eles faziam a emblemática turnê "Clash of the Titans" pelos EUA e Canadá. Por coincidência, naquela mesma semana, passei na única loja de discos que havia em minha cidade e lá estava à venda "Souls of Black", mais recente lp dos caras. Voltei correndo pra casa para pedir dinheiro ao meu pai e rezando para que ninguém comprasse o disco na minha frente; ele precisava ser meu! Por fim, comprei o petardo, mesmo nunca tendo ouvido uma música sequer da banda.
Na época a Rock Brigade era a única fonte de informação que tínhamos sobre o mundo do heavy metal, portanto, essa revista ajudou a formar praticamente 80% de minha bagagem musical. E, detalhe: não existia Internet para você ouvir as músicas antes de comprar um disco, o lance era confiar na resenha positiva da revista e atirar no escuro. Foi assim que conheci Kreator, Morbid Angel, Monstrosity, Sinister e tantas outras bandas de thrash e death metal da época.
Felizmente, não me decepcionei com o Testament, e "Souls of Black" praticamente não saiu do meu toca-discos (juntamente com "Rust in Peace", do Megadeth, e "Coma of Souls", do Kreator). Amei aquele timbre de guitarra e os solos inspirados de Scholnick, principalmente na música "Malpractice", minha favorita. Em seguida corri atrás dos trabalhos mais antigos e fiquei louco quando ouvi "The New Order" e "Practice What You Preach" (o "The Legacy" ainda não havia sido lançado no Brasil). Que banda linda, thrash metal inspiradíssimo, riffs agressivos mas ao mesmo tempo cheios de melodia, refrões grudentos... Testament entrara oficialmente no hall de minhas bandas favoritas.
Alguns anos depois, Gastão Moreira anunciou no saudoso Fúria Metal, o novo clipe dos caras, "Eletric Crown", single do então vindouro "The Ritual". De cara, amei essa música, e, quando comprei este disco, novamente não me decepcionei. "The Ritual", mesmo sendo o menos thrash de sua discografia, é o meu favorito do Testament. São músicas muito bem trabalhadas, onde mais uma vez as melodias encabeçadas por Scholnick ganham destaque. Fiquei triste quando li uma entrevista onde Eric Peterson dizia que "The Ritual" é o disco que menos representava a banda. Eu até entendo essa obervação. Segundo ele, naquela época a banda foi muito pressionada pela gravadora Atlantic Records para ser mais comercial e sempre compor baladas. Talvez o efeito grunge também tivesse afetado a mente dos executivos do selo...
O fato é que, na minha opinião, o Testament lançou somente mais um álbum legal depois de "The Ritual": o emblemático "Low".
Sabe-se que a banda passou por sérios problemas em sua formação antes de entrar em estúdio para registrar "Low", pois baterista Louie Clemente e o guitarrista Alex Scholnick resolveram abandonar o barco. Mas, por um lado, essa mudança foi boa: para o posto de baterista veio Joe Tempesta (ex-Exodus) e somente assim a gente percebeu o quanto Clemente era um instrumentista bem meia boca. E, no lugar de Scholnik, veio ninguém nada menos que James Murphy, já conhecido no cenário death metal por ter tocado com o Death, Obituary e com sua banda Disincarnate, onde havia acabado de gravar o maravilhoso "Dreams of the Carrion Kind".
E com essa formação, "Low" foi um disco que deu muito certo, pois, de certa maneira era o trabalho mais agressivo do Testament desde "The New Order". Músicas como a faixa-titulo, "Hail Mary" e a quase death metal "Dog Faced Gods" foram um verdadeiro soco na cara de quem estava acostumado com a antiga sonoridade do grupo.
Depois de "Low", mais nenhum trampo do Testament conseguiu prender minha atenção. "Demonic" (1997) achei um disco bem forçado, "The Gathering" (1999), é até legal, mas enjoa rapidinho. E o que dizer de "First Strike Still Deadly" (2001)? Um cd de regravações que, convenhamos, mesmo com toda pompa da produção do renomado Andy Sneap, não ficaram tão legais quanto as originais.
Aí o leitor vem e me questiona sobre a fase pós "Formation of Damnation", que trouxe quase toda formação original de volta? Meus caros, entendo perfeitamente e empolgação da maioria, mas a mim a banda nunca conseguiu convencer.
Vejam bem, não acho que "The Formation of Damnation" (2008), "Dark Roots of Earth" (2012) e "Brotherhood of the Snake" (2016) sejam discos ruins, mas não são marcantes. Não consigo lembrar de uma música realmente legal ou memorável desses trabalhos (talvez o leitor possa me indicar alguma). Tudo soa muito forçado, proposital para soar agressivo e trashão suficiente para agradar os fãs. Até mesmo Alex Scholnick parece ter perdido o rumo: cadê seus solos carregados de feeling e inspiração? Não tem.
Por fim, parece que a pressão agora é diferente: antes a antiga gravadora os pressionava para serem mais comercias, mas agora, a preocupação é ser troo o suficiente. E tudo que é planejado demais não dá certo.
Na época a Rock Brigade era a única fonte de informação que tínhamos sobre o mundo do heavy metal, portanto, essa revista ajudou a formar praticamente 80% de minha bagagem musical. E, detalhe: não existia Internet para você ouvir as músicas antes de comprar um disco, o lance era confiar na resenha positiva da revista e atirar no escuro. Foi assim que conheci Kreator, Morbid Angel, Monstrosity, Sinister e tantas outras bandas de thrash e death metal da época.
Felizmente, não me decepcionei com o Testament, e "Souls of Black" praticamente não saiu do meu toca-discos (juntamente com "Rust in Peace", do Megadeth, e "Coma of Souls", do Kreator). Amei aquele timbre de guitarra e os solos inspirados de Scholnick, principalmente na música "Malpractice", minha favorita. Em seguida corri atrás dos trabalhos mais antigos e fiquei louco quando ouvi "The New Order" e "Practice What You Preach" (o "The Legacy" ainda não havia sido lançado no Brasil). Que banda linda, thrash metal inspiradíssimo, riffs agressivos mas ao mesmo tempo cheios de melodia, refrões grudentos... Testament entrara oficialmente no hall de minhas bandas favoritas.
Alguns anos depois, Gastão Moreira anunciou no saudoso Fúria Metal, o novo clipe dos caras, "Eletric Crown", single do então vindouro "The Ritual". De cara, amei essa música, e, quando comprei este disco, novamente não me decepcionei. "The Ritual", mesmo sendo o menos thrash de sua discografia, é o meu favorito do Testament. São músicas muito bem trabalhadas, onde mais uma vez as melodias encabeçadas por Scholnick ganham destaque. Fiquei triste quando li uma entrevista onde Eric Peterson dizia que "The Ritual" é o disco que menos representava a banda. Eu até entendo essa obervação. Segundo ele, naquela época a banda foi muito pressionada pela gravadora Atlantic Records para ser mais comercial e sempre compor baladas. Talvez o efeito grunge também tivesse afetado a mente dos executivos do selo...
O fato é que, na minha opinião, o Testament lançou somente mais um álbum legal depois de "The Ritual": o emblemático "Low".
Sabe-se que a banda passou por sérios problemas em sua formação antes de entrar em estúdio para registrar "Low", pois baterista Louie Clemente e o guitarrista Alex Scholnick resolveram abandonar o barco. Mas, por um lado, essa mudança foi boa: para o posto de baterista veio Joe Tempesta (ex-Exodus) e somente assim a gente percebeu o quanto Clemente era um instrumentista bem meia boca. E, no lugar de Scholnik, veio ninguém nada menos que James Murphy, já conhecido no cenário death metal por ter tocado com o Death, Obituary e com sua banda Disincarnate, onde havia acabado de gravar o maravilhoso "Dreams of the Carrion Kind".
E com essa formação, "Low" foi um disco que deu muito certo, pois, de certa maneira era o trabalho mais agressivo do Testament desde "The New Order". Músicas como a faixa-titulo, "Hail Mary" e a quase death metal "Dog Faced Gods" foram um verdadeiro soco na cara de quem estava acostumado com a antiga sonoridade do grupo.
Depois de "Low", mais nenhum trampo do Testament conseguiu prender minha atenção. "Demonic" (1997) achei um disco bem forçado, "The Gathering" (1999), é até legal, mas enjoa rapidinho. E o que dizer de "First Strike Still Deadly" (2001)? Um cd de regravações que, convenhamos, mesmo com toda pompa da produção do renomado Andy Sneap, não ficaram tão legais quanto as originais.
Atual formação do Testament: Alex Scholnick (g), Eric Peterson (g), Chuck Billy (v), Gene Hoglan (bt) e Steve Diorgigio (b) |
Vejam bem, não acho que "The Formation of Damnation" (2008), "Dark Roots of Earth" (2012) e "Brotherhood of the Snake" (2016) sejam discos ruins, mas não são marcantes. Não consigo lembrar de uma música realmente legal ou memorável desses trabalhos (talvez o leitor possa me indicar alguma). Tudo soa muito forçado, proposital para soar agressivo e trashão suficiente para agradar os fãs. Até mesmo Alex Scholnick parece ter perdido o rumo: cadê seus solos carregados de feeling e inspiração? Não tem.
Por fim, parece que a pressão agora é diferente: antes a antiga gravadora os pressionava para serem mais comercias, mas agora, a preocupação é ser troo o suficiente. E tudo que é planejado demais não dá certo.
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