27 maio 2025

Após anos de silêncio, SOROR DOLOROSA ressurge com o sombrio e elegante "Mond"

Por Júlio Feriato

Após o aclamado lançamento de "Apollo", em 2017, a banda francesa de rock gótico SOROR DOLOROSA entrou em um hiato de quase oito anos — período marcado por rumores sobre um possível encerramento das atividades, alimentados por mudanças em sua formação. Mas em outubro de 2024, o grupo retornou com força total e apresentou "Mond", seu aguardado novo álbum, que reafirmou sua identidade sonora e prometeu cativar tanto os fãs antigos quanto novos ouvintes.

A formação atual reúne dois dos membros fundadores — o vocalista Andy Julia e o baixista Hervé Carles — ao lado dos guitarristas Jean-Baptiste Marquet e Xavier Pinel. Juntos, mantêm viva a essência do SOROR DOLOROSA, com a marcante bateria eletrônica sustentando a atmosfera densa e melancólica que caracteriza o som da banda.

Mixado e masterizado por James Kent (PERTURBATOR), "Mond" apresenta faixas que transitam com naturalidade entre toques eletrônicos, guitarras sonhadoras e um ritmo envolvente que evoca uma aura retrô — quase oitentista — sem abrir mão da autenticidade. O que se ouve aqui vem de um lugar genuíno, íntimo da essência do grupo, e isso transparece em cada faixa. A emoção é tangível, a ambientação sombria é cuidadosamente construída e a composição, meticulosamente elaborada. Com nove músicas, o álbum soa como se tivesse sido teletransportado diretamente de 1986 — no melhor dos sentidos.

Entre os destaques, estão a pulsante "Obsidian Museum", com seu baixo e batidas eletrônicas lúdicas; a engenhosa "Hurlevent", cuja atmosfera rarefeita e natureza catártica conferem profundidade emocional ao disco; e a emocional "Souls Collide", que remete à musicalidade mais introspectiva de "Apollo".

Nos últimos anos, muitas bandas fascinantes surgiram trazendo à tona influências do rock gótico tradicional. Nesse contexto, o SOROR DOLOROSA se destaca não apenas por ser fiel às raízes dos anos 80, mas por fazer isso com autenticidade, e o que a banda entrega em "Mond" está longe de ser uma simples homenagem: é uma criação genuína, com alma, substância e integridade artística.


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