24 agosto 2017

KULTIST: saiba mais sobre a banda que se inspira nas obras de H.P. Lovecraft


Por Julio Feriato / Fotos: divulgação

Da. esq. p/ dir.: Dan Pacheco (V - ReAnimation, ex-Cursed Slaughter), Ya Amaral (G/V - Eskröta, ex-Sinaya), Leticia Figueiredo (BT - ex-Bahoc), Karine Campanille (B/V - Mau Sangue, ex-Disturbia Cladis)

"Em aeons estranhos até mesmo a morte pode morrer". Esta e muitas outras citações conhecidas fazem parte do universo sombrio nos contos de H.P. Lovecraft (autor famoso na cultura pop, infelizmente mais citado por ter inspirado inúmeras películas de horror no cinema do que propriamente por sua obra em si). Mas aqui no underground brasileiro uma nova banda tem mergulhado de cabeça em seus contos do quase centenário autor, o KULTIST.

Formado por membros de bandas já conhecidas do underground brasileiro, o Kultist traz em suas letras o universo sombrio de Lovrecaft - inclusive no visual carregado, que poderia facilmente confundi-los com bandas de Black Metal. E, para conhecer um pouco mais sobre a proposta do grupo, conversei com a baixista Karine Campanille. Leia a seguir.


Como vocês descreveriam a sua música?
Nosso som é death metal com influências de thrash e até black metal em alguns riffs e linhas vocais. Mas, acredito que a principal ideia é compor músicas pesadas, que trazem a atmosfera do universo caótico do autor H.P. Lovecraft, por isso o uso de notas dissonantes e passagens melódicas.

Você poderia explicar melhor como funciona toda essa temática ao redor do universo de Lovecraft?
Todas as letras, figurinos, cenários e textos mostrados pelo Kultist fazem referência a obra de Lovecraft, um autor publicado nas décadas de 10 a 30. Existem muitas interpretações dos contos, mas o principal ponto que as pessoas parecem concordar é de que ele tentava mostrar o tamanho de nossa insignificância perante a magnitude do universo.

Existe uma mensagem além da literatura sendo passada nas letras da banda?
Com certeza, embora exija um pouco mais de interpretação. Nossas letras possuem diversas críticas e são recheadas de alegorias. Todos nós temos visões políticas e sociais bem parecidas, abraçamos todo o movimento que luta por igualdade e pelo fim do fascismo existente. Não aceitamos qualquer tipo de intolerância e principalmente aquelas incentivadas pela religião, ou por ideologias ignorantes. Todos esses valores estão ali.

O Kultist é formado por integrantes de bandas diferentes e cada um parece ter sua própria influência. Como é conciliar isso musicalmente falando?
A gente gosta de música, alguns de nós são multi-instrumentistas, então acabamos por absorver muitas vertentes do rock/metal. Da minha parte é bem natural eu me expressar de acordo com o que cada banda pede e acho até mais fácil quando cada banda é diferente uma da outra. As formas de compor, atmosfera sonora, temática, figurino não se cruzam. Nas bandas que toco existe muita liberdade criativa e musicalmente falando me sinto plena, pois consigo colocar toda minha musicalidade nelas, somando e transformando ideias, sem que nenhum trabalho interfira no outro e de quebra dando tudo de mim pra cada estilo e para cada instrumento que toco.

Visualmente vocês lembram uma banda de Black Metal. O quanto Black Metal é influência pra vocês?
Todos da banda gostam de algumas bandas de black metal e é possível ver influência do estilo. A obra de Lovecraft tem muita coisa de ocultismo, bruxaria, deuses esquecidos que estão num universo paralelo, de evocação de forças consideradas malignas pela nossa moral, cultura, costumes e religiões predominantes nas sociedades... Então, nossa ideia desde o começo era não só passar essas influências somente para a música, mas também ao nosso visual, por isso a escolha de uma estética que comunica com esse universo. As maquiagens não são corpse paints, é uma maquiagem mais opaca e que marca o aspecto fantasmagórico, característica de personagens de filmes do expressionismo alemão que temos como referência. 

Em um ambiente predominantemente masculino, como é fazer parte de uma banda underground, majoritariamente feminina?
É muito bom tocar com mulheres tão 'empoderadas' e que já tem uma certa vivência no underground. Isso com certeza nos dá mais segurança de subir em um palco, pois sei que teremos o apoio de pessoas com bastante representatividade. O Daniel, único homem na banda, já está há anos no underground e também tem o maior respeito a causa, isso nos deixa bem mais confiantes.

Já há planos para gravar um álbum completo?
Sim! Estamos com o nosso primeiro disco composto e começaremos as gravações em meados de novembro. Estamos conversando com um selo para o lançamento, então em algum momento do primeiro semestre do ano que vem nós iremos lança-lo. Mas antes disso vamos cair na estrada e já temos algumas datas. 


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