Por Julio Feriato / Fotos: divulgação
Como vocês descreveriam a sua música?
Nosso som é death metal com influências de thrash e até black metal em alguns riffs e linhas vocais. Mas, acredito que a principal ideia é compor músicas pesadas, que trazem a atmosfera do universo caótico do autor H.P. Lovecraft, por isso o uso de notas dissonantes e passagens melódicas.
Você poderia explicar melhor como funciona toda essa temática ao redor do universo de Lovecraft?
Todas as letras, figurinos, cenários e textos mostrados pelo Kultist fazem referência a obra de Lovecraft, um autor publicado nas décadas de 10 a 30. Existem muitas interpretações dos contos, mas o principal ponto que as pessoas parecem concordar é de que ele tentava mostrar o tamanho de nossa insignificância perante a magnitude do universo.
Existe uma mensagem além da literatura sendo passada nas letras da banda?
Com certeza, embora exija um pouco mais de interpretação. Nossas letras possuem diversas críticas e são recheadas de alegorias. Todos nós temos visões políticas e sociais bem parecidas, abraçamos todo o movimento que luta por igualdade e pelo fim do fascismo existente. Não aceitamos qualquer tipo de intolerância e principalmente aquelas incentivadas pela religião, ou por ideologias ignorantes. Todos esses valores estão ali.
O Kultist é formado por integrantes de bandas diferentes e cada um parece ter sua própria influência. Como é conciliar isso musicalmente falando?
A gente gosta de música, alguns de nós são multi-instrumentistas, então acabamos por absorver muitas vertentes do rock/metal. Da minha parte é bem natural eu me expressar de acordo com o que cada banda pede e acho até mais fácil quando cada banda é diferente uma da outra. As formas de compor, atmosfera sonora, temática, figurino não se cruzam. Nas bandas que toco existe muita liberdade criativa e musicalmente falando me sinto plena, pois consigo colocar toda minha musicalidade nelas, somando e transformando ideias, sem que nenhum trabalho interfira no outro e de quebra dando tudo de mim pra cada estilo e para cada instrumento que toco.
Visualmente vocês lembram uma banda de Black Metal. O quanto Black Metal é influência pra vocês?
Todos da banda gostam de algumas bandas de black metal e é possível ver influência do estilo. A obra de Lovecraft tem muita coisa de ocultismo, bruxaria, deuses esquecidos que estão num universo paralelo, de evocação de forças consideradas malignas pela nossa moral, cultura, costumes e religiões predominantes nas sociedades... Então, nossa ideia desde o começo era não só passar essas influências somente para a música, mas também ao nosso visual, por isso a escolha de uma estética que comunica com esse universo. As maquiagens não são corpse paints, é uma maquiagem mais opaca e que marca o aspecto fantasmagórico, característica de personagens de filmes do expressionismo alemão que temos como referência.
Em um ambiente predominantemente masculino, como é fazer parte de uma banda underground, majoritariamente feminina?
É muito bom tocar com mulheres tão 'empoderadas' e que já tem uma certa vivência no underground. Isso com certeza nos dá mais segurança de subir em um palco, pois sei que teremos o apoio de pessoas com bastante representatividade. O Daniel, único homem na banda, já está há anos no underground e também tem o maior respeito a causa, isso nos deixa bem mais confiantes.
Já há planos para gravar um álbum completo?
Sim! Estamos com o nosso primeiro disco composto e começaremos as gravações em meados de novembro. Estamos conversando com um selo para o lançamento, então em algum momento do primeiro semestre do ano que vem nós iremos lança-lo. Mas antes disso vamos cair na estrada e já temos algumas datas.
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