11 agosto 2017

ABNORMALITY: brutal death metal com duras críticas às guerras americanas

Por Julio Feriato / fotos: divulgação
Da esq. p/ dir.: Josh Staples (B), Jay Blaisdell (BT), Mallika Sundaramurthy (V), Sam Kirsch (G) e Jeremy Henry (G)
O ABNORMALITY é uma banda americana de brutal death metal radicada em Boston, Massachusetts. Sua discografia ainda é pequena, mas conta com dois belos petardos: "Contaminating the Hive Mind" (2012) e "Mechanisms of Omniscience" (2016).

Musicalmente o grupo segue o caminho já pavimentado por nomes como Suffocation e Immolation, mas talvez o diferencial do Abnormality seja as letras politizadas e a frontwoman Mallika Sundaramurthy, uma headbanger de sangue indiano, que possui um dos vocais mais cavernosos do metal extremo atual! Achou exagerado? Tire a prova nos videos ao vivo que a banda tem no Youtube.

Recentemente entrei em contato com Mallika e ela aceitou bater um papo para falar sobre sua carreira e sobre o atual momento politico dos EUA, com fortes criticas à Donald Trump, seu atual presidente.

Mallika, você pode nos contar um pouco sobre você e sua carreira?
Faz quatorze anos que eu sou vocalista de Death Metal, sendo que estou há doze no Abnormality. Nós lançamos uma demo em 2007 e um EP, "The Collective Calm in Mortal Oblivion", em 2010. Com a Sevared Records lançamos nosso primeiro álbum em 2012, o "Contaminating the Hive Mind".  Atualmente estamos na Metal Blade e com eles lançamos em 2016 nosso segundo álbum, "Mechanisms of Omniscience". Desde então as coisas estão ficando cada vez melhores pra gente.

Na sua opinião qual a maior diferença entre "Mechanisms of Omniscience" em relação aos trabalhos anteriores?
Eu penso que houve uma evolução natural. A gente sempre tenta se superar em cada música nova que compomos, mas sempre mantendo a brutalidade original. Mas acho que a maior diferença veio com Sam Kirsch, nosso novo guitarrista. Tem sido ótimo tocar com ele.

Recentemente vocês fizeram uma turnê ao lado do Napalm Death e do The Black Dahlia Murder. Como foi viajar com essas bandas?
Foi um sonho que se tornou realidade! São pessoas muito legais e foi uma honra compartilhar o palco com bandas deste calibre.

Houve algum fato curioso que ocorreu durante a turnê e que você gostaria de contar?
Realmente foi muito legal ouvir algumas histórias contadas pelos caras do Napalm Death. Você sabe, eles são uma banda totalmente anti-fascismo, e Barney (vocalista) contou que já rolaram brigas com skinheads em alguns shows. Discutir politica com os caras do Napalm foi algo prazeroso.
Apesar de ser uma banda underground, vocês sempre gravam ótimos videoclipes. Qual deles é o seu favorito?
Obrigada! Eu acho que o vídeo para "Mechanisms of Omniscience" é o meu favorito. Tudo tem tudo: ótimos efeitos visuais, efeitos especiais, bons atores, enredo e imagens de banda.

Há uma forte crítica ao governo dos EUA e suas guerras no clipe de "Fabrication of the Enemy". Estou certo?
Sim, você está! Particularmente há uma critica às guerras no Oriente Médio. Acreditamos que elas existem somente para controlar os oleodutos e beneficiar o complexo industrial militar americano.

Eu li em algum lugar que seu pai é indiano. Qual a sua opinião sobre o presidente Donald Trump e sua política contra os imigrantes?
Eu acho que Trump é um presidente ganancioso, ridículo, racista e sexista. Suas políticas são insanas e prejudiciais. Eu sou filha de um imigrante cuja família esteve nos EUA por gerações. Eu acredito que deve haver leis para proteger a América e seu povo, e há muitos caminhos legais para a cidadania.

No Brasil há muitas mulheres na cena metal, mas o machismo ainda é forte por aqui. Como é a cena americana para as mulheres?
Nos EUA também existe machismo, assim como no resto do mundo. O metal ainda é um gênero musical dominado pelos homens, e, infelizmente, mulheres musicistas têm de lidar com comentários sexistas, menos oportunidades e menos respeito no geral. Particularmente acredito que lentamente as coisas estão mudando para melhor, mas ainda há um longo caminho a percorrer para as mulheres terem tratamento justo e igualitário.

O que você sabe sobre a cena brasileira?
Há anos sou muito fã do Sepultura e do Krisiun, eles definitivamente são duas das maiores bandas de metal extremo no mundo. Tenho alguns amigos no Brasil, como a Jacqueline, do Insanity Force; ela sempre me fala sobre a cena metal brasileira. E faz alguns anos que assisti um documentário sobre brasileiras musicistas, o "Women in Metal" (assista aqui)

Vocês já estão compondo novo material?
Sim, estamos bem concentrados nas novas composições. Adianto que como sempre, será algo brutal, técnico e intenso!

Mallika, muito obrigado pela entrevista! Que tal deixar uma mensagem aos headbangers brasileiros?
Obrigada à você, Julio! O Brasil parece ser um país fantástico e cheio de fãs apaixonados. Espero poder tocar por aí em breve! Muito obrigada a todos que apoiam o Abnormality! Cheers!

Discografia: 
"The Collective Calm in Mortal Oblivion" (EP, 2010)
"Contaminating the Hive Mind" (2012)
"Mechanisms of Omniscience" (2016)

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