Por Júlio Feriato
A espinha dorsal continua sendo Lasse Pyykkö, guitarrista e principal compositor. Seu foco quase obsessivo na criação de riffs cativantes permanece evidente: tudo parte dali. Mas desta vez, os arranjos são mais elaborados e atmosféricos, transformando cada música em uma experiência melancólica e cuidadosamente arquitetada.
Entre as novidades, o violoncelo, tocado por Antti Salminen, adiciona profundidade emocional, especialmente em “Portrait Without a Face”. Já os sintetizadores inspirados na fase Somewhere in Time do IRON MAIDEN conferem ao álbum uma atmosfera soturna e nostálgica, reforçando o clima de horror gótico característico da banda.
As letras seguem fiéis ao universo do Hooded Menace: imagens surrealistas, decadência e fantasia macabra, sem narrativa linear, funcionando mais como pintura emocional do que história. Um destaque curioso é o cover de “Save a Prayer”, do DURAN DURAN, que Pyykkö transforma em algo que poderia sair de um disco sombrio do PARADISE LOST — ousado, mas surpreendentemente coerente.
No fim, Lachrymose Monuments of Obscuration é um álbum que respeita o passado, mas se atreve a expandi-lo. É pesado sem ser bruto, melódico sem ser açucarado, e confia plenamente na atmosfera que constrói. HOODED MENACE segue sendo HOODED MENACE — mais profundo, consciente e audacioso do que nunca.

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