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Blind Guardian, atração principal do dia 29/04. | Foto: Rapha Garcia |
Introdução: Júlio Feriato
Confesso que há muito tempo não participava de um evento tão incrível como a primeira edição do festival Summer Breeze Brasil, em São Paulo. As expectativas eram altíssimas devido ao grande número de bandas confirmadas, das quais sou fã da maioria. Quase desisti de ir, pois moro no interior há muitos anos, distante da capital paulista, e participar desse evento exigia muita disposição física e principalmente financeira. Mas felizmente decidi ir.
O relato que você irá ler contém principalmente as observações do colega Rafael Orsi, e, logo abaixo, as minhas (em itálico), já que é impossível acompanhar tudo o que aconteceu num evento tão grandioso como o Summer Breeze. No entanto, pelo menos podemos ter uma ideia de como foi.
Sábado 29/04 - Por Rafa Orsi
Vi muitas pessoas reclamando que esse evento era elitista, com preços absurdos, destinado apenas aos ricos, e assim por diante. Mas o que fazemos com um sistema voltado aos mais abastados? Nós o corrompemos de dentro para fora. Comprei um ingresso revendido por 350 reais, abaixo do preço de 425 reais praticado na bilheteria da Áudio (preço da meia-entrada e promocional). Em vez de ficar reclamando, acredito que devemos encontrar uma maneira de conseguir entrar. E acho que paguei um valor justo considerando a quantidade de bandas que vi. Como vocês poderão ver abaixo.
No entanto, o evento não foi perfeito, longe disso. Houve algumas falhas na organização que vou mencionar. Vou tentar ser o mais breve e direto possível, então vamos lá!
FILA: Apesar do local ser espaçoso, ter apenas uma entrada para o público em geral resultou em filas enormes e fez com que muitas pessoas perdessem o primeiro show devido à demora na entrada. E olha que eu mal fui revistado.
Nota do R.: Felizmente, não precisei enfrentar o transtorno da fila, conforme mencionado pelo colega Rafa Orsi, porque fui credenciado como jornalista. Isso tornou a minha experiência muito mais tranquila nesse aspecto. Além disso, foi surpreendente notar que nossas mochilas não foram revistadas, algo que nunca havia presenciado antes. Não tenho certeza se essa é uma prática positiva ou negativa, mas pessoalmente, gostei dessa abordagem.
JOÃO GORDO - BRUTAL BREGA (11:30 - 12:30) (Palco Sun)
O primeiro show que assisti foi o do BRUTAL BREGA, banda de João Gordo do R.D.P., que geralmente é divertido, mas desta vez Gordo parecia envergonhado de tocar suas músicas. Não entendi bem o que estava acontecendo, pois cheguei depois do início. O Gordo reclamava de algumas músicas ou artistas, então o que deveria ser uma brincadeira acabou se tornando um momento constrangedor. A banda era boa, apesar do som ainda não estar totalmente ajustado. Se o Gordo não tivesse desanimado, talvez por causa do horário (se alguém souber, comente aqui), teria animado mais o público. Ao meio-dia, muitas pessoas se dirigiram para o palco do Benê, eu incluso.
Nota do R.: Cheguei pontualmente durante o show do BRUTAL BREGA, mas como não aprecio esse estilo musical, não dei muita atenção. Em vez disso, decidi explorar aquela área do evento, que estava repleta de barracas de lojas conhecidas, como Classic Metal, Roadie Crew e Overload. Além disso, havia a feira Horror Expo 2023 acontecendo em um dos saguões. Ah, também havia uma feirinha Viking bem ao lado, com uma variedade de produtos relacionados. Aproveitei para comprar um par de óculos escuros lá, já que o sol estava muito forte do lado de fora. Aliás, fica a dica para o próximo Summer Breeze: não se esqueçam de levar protetor solar.
Mais adiante, havia uma barraca onde os artistas dariam autógrafos após os shows e, curiosamente, já havia pessoas formando uma fila. Logo ao lado, estava o saguão onde acontecia uma feira de tatuagem, com diversos tatuadores exibindo seus trabalhos e também tatuando aqueles que tinham coragem de passar horas no evento enfrentando a dor.
BENEDICTION (12:00 - 13:00) (Palco Ice)
Eu conheci essa banda na época do Fúria Metal, que passava alguns vídeos. Não sou um grande conhecedor, mas achei as guitarras sem definição. Às vezes eu não entendia o que estava acontecendo, e até nas músicas que eu conhecia demorava para reconhecer. Apesar de estar animado por ser a primeira vez que vi a banda, queria ter curtido mais. Uma pena.
Nota do R.: Eu tenho uma observação diferente do colega Rafa, porque de onde eu estava, bem em frente ao palco, o som estava muito bom. As guitarras estavam perfeitamente audíveis, assim como o restante da banda. É interessante como o som pode ser diferente dependendo do lugar em que você está. De qualquer forma, não fiquei até o final porque estava ansioso para o show da CRYPTA, que seria logo em seguida no Palco Sun. Então fui para lá.
MARC MARTEL (13:05 - 14:05) (Palco Hot)
Esse cara realmente canta muito parecido com o Freddie Mercury, mas ele opta por notas mais baixas e não usa tantos drives como o Frederico. Eu assisti apenas a Bohemian Rhapsody e decidi ir para o show da Crypta. Mas vamos ser realistas, ninguém vai ser igual ao Freddie mesmo, então é melhor se conformar.
CRYPTA (13:15 - 14:15) (Palco Sun)
Meu amigo... Para chegar ao palco onde as mulheres tocaram, era necessário atravessar uma passarela, sabe? Quando estava lá em cima, notei que o espaço reservado para o palco delas estava lotado, completamente lotado... Olhei para trás, de onde eu vinha, e confirmei: HAVIA MAIS PESSOAS ASSISTINDO À CRYPTA DO QUE AO MARC MARTEL. Bem... Na próxima edição, elas terão que tocar em um dos palcos principais, certo, Summer Breeze Brasil?
Quando cheguei, o show já havia começado, infelizmente perdi o começo, mas o som estava incrível (mesmo palco do João Gordo). Aos poucos, fui me aproximando da grade pelo lado direito. E achei o show delas perfeito, um dos melhores do festival. Não apenas pela performance no palco, mas também pelo som. Perceber o quão bem elas tocam deixa claro que todo o sucesso é merecido.
Qualquer músico que queira entender por que elas são tão aclamadas precisa assistir ao show delas. Elas merecem todo o reconhecimento, muito mais turnês e sucesso. Como sou guitarrista, fico impressionado com a habilidade da Tainá e da Jessica ao tocar. E a Fefê também arrasa com suas habilidades vocais agudas e graves. É simplesmente incrível.
Nota do R.: Ao contrário de Rafa, consegui chegar ao Palco Sun antes do início do show das meninas e assisti à apresentação desde o começo. Antes mesmo de começarem a tocar, as garotas já estavam no palco fazendo o teste de som e dava para perceber que algo não estava certo, pois elas não escondiam a expressão tensa em seus rostos. Isso se confirmou quando o show realmente começou. O som estava baixo, a guitarra de Jessica Di Falchi quase não tinha som, e a vocalista Fernanda Lira pedia constantemente para aumentarem o retorno dela. Felizmente, tudo se normalizou a partir da segunda música, "Possessed", e o restante vocês já leram nas palavras do meu colega.
AUTÓGRAFO BLIND GUARDIAN (começou às 16:30)
Após o show das meninas, fiquei duas horas esperando na fila gritando com algumas pessoas mal-educadas que tentavam furar na nossa frente, devido à falta de organização da equipe responsável. Mas no final deu tudo certo.
LAMB OF GOD (17:25 - 18:25) (Palco Hot)
Realmente não é uma banda do meu estilo, mas a qualidade do som estava ótima. O impacto do bumbo vibrava em nosso peito, o que deve ter sido muito legal para os fãs. Eu aproveitei para descansar e ficar sentado durante o show.
ACCEPT (18:30 - 19:50) (Palco Sun)
Houve a reprodução de um som estranho antes do início do show, indicando algum bug, mas não tenho certeza do que ocorreu exatamente. De repente, a intro de "Zombie Apocalypse" do novo álbum começou a tocar e a banda entrou no palco um tanto desconcertada. Para mim, que já os vi inúmeras vezes, ficou evidente que algo estava errado, mas o público não se importou. É ACCEPT, caramba! Verdadeiros mestres do heavy metal alemão. Tocaram uma série de clássicos, um atrás do outro. Houve até um belo medley com trechos de diversas músicas clássicas. Foi um set completo e empolgante, apesar de ser mais curto.
BLIND GUARDIAN (20:05 - 21:50)
Melhor coisa que a banda poderia ter feito foi praticamente esquecer tudo que fez 2000 pra frente, pq, convenhamos, é uma b0st4. Blind Guardian de terno É GOLPE. É GOLPEEEEEE.
Vamos ao setlist
1 - Imaginations From the Other Side
2 - Welcome to Dying
3 - Nightfall
4 - Time Stands Still (At the Iron Hill)
Agora, amiguinho, agora que começa o show pra mim. Daqui pra frente é pq eu vim, eu vim pra ver essas músicas que vão rolar. O nerdola que habita em mim, saúda o nerdola que habita em você.
O DISCO "SOMEWHERE FAR BEYOND" INTEIRO NA ORDEM:
5- Time What Is Time
6- Journey Through the Dark
7- Black Chamber (em uma versão estendida diferente do Forgotten Tales)
8- Theatre of Pain
9- The Quest for Tanelorn
10- Ashes to Ashes
11- The Bard's Song - In the Forest
12- The Bard's Song - The Hobbit
13- The Piper's Calling (com solo de bateria)
14- Somewhere Far Beyond
Eu já tinha cantado tudo que podia no Accept, agora que minha voz foi embora mesmo. Todas essas letras estão tatuadas no meu cérebro. Voltei a ser um tetudinho, comedor de doritos, bebedor de fanta uva.
15- Lord of the Rings (não precisava, mas ok)
16 -Violent Shadows (pra que?)
17- Majesty
Pegadinha do malandro:
18- Valhalla
19- Mirror Mirror
Eu já fui em alguns shows do BG. E o que sempre achei um saco é o quanto o Hansi (vocal) sempre economizou na voz, cantando limpo trechos que no discos são bem rasgados me dando aquela brochada. Mas hoje Hansi não economizou quase nada, economizou onde não aguentou mesmo, onde faltou ar, e deu pra perceber. HOJE O PULMÃO DE 56 ANOS DELE TRABALHOU DE VERDADE.
Nota de R.: Como mencionei no início desta matéria, é praticamente impossível estar presente em todas as atrações do Summer Breeze Brasil, pois acontecia muita coisa ao mesmo tempo. Além de tudo o que foi relatado, também houve shows do TUATHA DE DANNAN, PERTURBATOR, LORD OF THE LOST, APOCALIPTIKA, estreia da segunda parte do documentário sobre Andre Matos, STONE TEMPLE PILOTS, SEPULTURA, SHAMAN + VIPER... Enfim, foi um dia intenso!
Continua amanhã...