29 abril 2024

Summer Breeze Brasil 2024: três dias de metal, energia e união

Por Júlio Feriato

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Summer Breeze Brasil 2024, realizado nos dias 26, 27 e 28 de abril no Memorial da América Latina, em São Paulo, consolidou-se como um dos eventos mais aguardados pelos fãs de rock e metal no Brasil. A edição deste ano trouxe uma combinação de tradição e modernidade, com performances memoráveis, infraestrutura bem planejada e um público apaixonado.

Estrutura e Organização
A organização foi um dos pontos altos do festival. Com três dias intensos de música, o evento conseguiu manter uma logística impecável com palcos estrategicamente posicionados para evitar conflitos sonoros e facilitar o acesso do público. Áreas de descanso, food trucks variados e uma feira cultural com estandes de tatuagem, merchandising e vinis completaram o clima de celebração. Apesar do grande número de pessoas, a organização conseguiu manter os horários das apresentações pontuais, o que foi bastante elogiado.

A feira de cultura alternativa foi outro destaque. Além de stands de merchandising das bandas, havia exposições de arte, estúdios de tatuagem, bancas de vinis e uma ampla variedade gastronômica, que foi desde os clássicos hambúrgueres até opções veganas.

O lineup diversificado foi pensado para agradar tanto os fãs de metal extremo quanto os admiradores de vertentes mais melódicas.

Dia 26 – Abertura Explosiva
O primeiro dia foi marcado por apresentações que aqueceram o público com energia crua e riffs poderosos. Destaque para o BIOHAZARD  que trouxe o hardcore de Nova York com intensidade, criando rodas de mosh fervorosas no Sun Stage.

O icônico MR.BIG, em sua turnê de despedida, emocionou o público com seus sucessos atemporais, como "To Be with You" e "Addicted to That Rush". O encerramento da noite ficou por conta de Sebastian Bach, que trouxe o glamour do hard rock dos anos 80 em uma performance eletrizante.

Dia 27 – Sinfonias e Poder
O segundo dia trouxe sonoridades mais melódicas e épicas. O HAMMERFALL, representante do power metal sueco, entregou um show preciso e enérgico, com hits como "Hearts on Fire" levando o público ao delírio.

O WITHIN TEMPTATION encantou os fãs com um espetáculo visual e musical. A performance de Sharon den Adel foi emocionante, com músicas como "Faster" e "Ice Queen" criando momentos mágicos. Já o ANTHRAX trouxe peso e energia com um thrash metal visceral que levantou a plateia do começo ao fim.

Dia 28 – Encerramento Apoteótico
No último dia, o festival atingiu seu ápice com apresentações de tirar o fôlego. O Mercyful Fate ofereceu um show teatral e sombrio, com King Diamond mostrando por que é uma lenda viva do metal.

A apresentação do MERCYFUL FATE no Summer Breeze Brasil 2024, realizada no dia 28 de abril, foi um espetáculo à parte, uma verdadeira aula de metal clássico e teatralidade. Liderada pelo icônico King Diamond, a banda dinamarquesa provou por que é uma das mais influentes no heavy metal, entregando uma performance que transcendeu a música e se tornou uma experiência imersiva.

Logo na abertura, o palco se transformou em uma espécie de altar sombrio, com iluminação vermelha e azul que criava uma atmosfera de mistério e ocultismo, marcas registradas da banda. As projeções ao fundo e os adereços cenográficos – como cruzes invertidas e velas – reforçaram o clima quase ritualístico do show. A entrada de King Diamond, com seu figurino macabro e a pintura facial característica, foi suficiente para arrancar gritos ensurdecedores da plateia.

O setlist foi uma viagem aos clássicos que moldaram o black e heavy metal. Abrindo com "The Oath", a banda trouxe de imediato a dramaticidade de suas composições. "A Dangerous Meeting" e "Melissa" foram recebidas com entusiasmo, com o público cantando em uníssono os complexos vocais de King Diamond, que alterna agudos estridentes com tons graves sombrios.

O momento mais aguardado veio com "Satan's Fall", um épico de mais de 10 minutos que exemplifica a habilidade da banda em construir narrativas densas e atmosféricas. A interação entre as guitarras de Hank Shermann e Mike Wead foi simplesmente impecável, com solos que mesclaram técnica e emoção.

King Diamond foi o coração pulsante do show. Sua presença de palco magnética, acompanhada de gestos teatrais e interações pontuais com o público, hipnotizou a plateia. Sua voz continua sendo uma das mais impressionantes do metal, e ele não decepcionou em nenhuma nota.

O público, composto tanto por fãs de longa data quanto por uma nova geração curiosa para ver a lenda ao vivo, foi um espetáculo à parte. Cada música era acompanhada com aplausos ensurdecedores e coros que ecoavam pelo Memorial da América Latina. A devoção dos fãs foi um reflexo da importância do Mercyful Fate na história do metal.

O show do Mercyful Fate no Summer Breeze Brasil 2024 foi mais do que uma apresentação; foi uma celebração da história do metal. Com uma performance poderosa, uma ambientação sombria e um setlist de clássicos, a banda reafirmou seu status como pioneira e essencial no gênero. Para os presentes, foi uma noite inesquecível, que permanecerá na memória como um dos grandes momentos do festival.

O Summer Breeze Brasil 2024 superou expectativas, oferecendo uma experiência completa tanto para fãs veteranos quanto para novos admiradores do metal. Com um lineup de peso, organização impecável e uma atmosfera de união, o festival se consolidou como um dos mais importantes do cenário nacional.

Foi muito mais do que um festival de música; foi um encontro de almas apaixonadas por riffs, vocais poderosos e a energia única que só o metal pode proporcionar. Que venham as próximas edições!

09 abril 2024

ATROPHY: o retorno triunfante ao Thrash Metal após três décadas

Em uma reviravolta surpreendente para os fãs de thrash metal, a banda Atrophy do Arizona, conhecida por seu álbum clássico de 1988 “Socialized Hate”, ressurge após um hiato de 34 anos com um novo álbum que promete sacudir o cenário musical.

A primeira coisa que fica evidente é a impressionante vitalidade de Brian Zimmerman, vocalista fundador de 59 anos, que demonstra um vocal impressionante, trazendo uma maturidade e profundidade ao novo trabalho que reflete uma evolução significativa desde os dias de glória da banda. Acompanhado por músicos de sessão escolhidos a dedo, Zimmerman prova que a paixão pelo thrash metal não conhece limites de idade ou tempo.

O álbum apresenta faixas como “Seeds of Sorrow”, que exibe uma energia bruta reminiscente das influências underground que moldaram bandas contemporâneas como Power Trip. Com riffs marcantes e refrões que incitam o headbanging, Atrophy mostra que ainda sabe como criar grooves poderosos.

A banda opta por uma abordagem mais calculada na composição, permitindo que as músicas respirem com passagens melódicas e evitando a armadilha de acelerar demais as faixas. A exceção é “Bleeding Out”, que atinge velocidades vertiginosas equilibradas por um groove contagiante, mostrando que Atrophy poderia ter rivalizado com gigantes como Testament se tivessem mantido esse ímpeto nos anos 80.

Embora “American Dream” possa parecer um preenchimento no contexto do álbum, ainda assim se destaca como uma das peças mais eficazes do metal lançado este ano. Zimmerman e sua equipe não se contentaram em replicar o som antigo da banda, mas sim em aproveitar as ferramentas de produção modernas para criar algo fresco e relevante.

Com faixas como “Close My Eyes”, que apresenta um canto genuíno e riffs avassaladores, e “The Apostle”, que mantém o ímpeto do álbum, Atrophy prova que seu retorno não é apenas uma viagem nostálgica, mas uma reafirmação de sua relevância no thrash metal de 2024.

Para os fãs de longa data, o novo álbum é uma adição essencial à discografia da banda. Para aqueles que ainda não descobriram Atrophy, este lançamento serve como uma introdução perfeita ao seu som único e à visão do que o thrash pode ser na era moderna.