04 setembro 2014

CRYSTALIC: a persistência do death metal finlandês

Por Julio Feriato

Arto Tissari (Baixo), Felipe Muñoz (Teclado), Janne Noponen (Bateria), 
Marko Eskola (Vocal), Toni Tieaho (Guitarra)

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O Crystalic é uma banda finlandesa de death metal melódico, mas que se difere de outras bandas do gênero de seu país, pois possuem um estilo altamente influenciado pelo Death, só que ainda mais focado nas melodias de guitarra e flerta de leve com música atmosférica nos detalhes.


O primeiro álbum de estúdio veio em 2007, o ótimo "Watch Us Deteriorate",  e, em 2010, veio "Persistence", inicialmente lançado somente em formato digital, que exibiu musicalidade mais técnica e revigorada. Este trabalho rendeu boas críticas na imprensa especializada e algumas pequenas turnês pela Europa, principalmente na Rússia, onde conseguiram um público fiel. 

Para a tristeza de muitos fãs, inclusive para este que vos escreve, o grupo chegou anunciar seu fim em 2011, mas felizmente retornou um ano depois com nova formação, sendo o guitarrista Toni Tieaho o único remanescente da formação original. Foi com ele que realizei essa entrevista exclusiva.

O Crystalic anunciou seu fim logo após o lançamento virtual do álbum “Persistence”, em 2010. O que realmente aconteceu naquela época?
Toni Tieaho: A química na banda não era mais a mesma. Tínhamos diferentes visões sobre como nossa música deveria soar e não tivemos uma boa "vibe" sobre o que estávamos fazendo. Tudo começou a ficar forçado e as gravações de "Persistence" foram uma luta. Levamos pelo menos três anos preparando este álbum. Mas, embora o resultado tenha sido ótimo, eu senti que era hora de descansar um pouco.

A banda também sofreu uma trágica alteração em seu line-up e parece que você é o único remanescente da formação original. Como você lidou com essas mudanças?
Sim, tivemos muitas mudanças no line-up, e elas nunca foram boas para nós. É realmente difícil encontrar músicos que se dedicam e queiram tocar o mesmo tipo de música. Então, toda vez que alguém sai ou quando alguma coisa não está funcionando com alguém, nós temos que começar tudo de novo; e lógico que isso desacelera toda a ação banda para shows ou gravar discos. Mas, aos poucos, nós lidamos com essas coisas e encontramos novos membros.

Posso entender que “Persistence” foi um titulo sugestivo por causa das dificuldades que a banda passava na época em que ele foi gravado?
Sim, você tem esse direito. Mas o titulo não sugere somente as dificuldades da banda na época, mas também dificuldades na vida em geral. E principalmente é sugestivo para não desistir de tudo o que você está fazendo.




Vocês soltaram no YouTube um vídeo da música “Scion” e dá pra perceber algumas mudanças sonoras, como a inclusão de teclados, e arrisco dizer que a música tem até uma pegada mais atmosférica. Qual era a ideia na hora de compor essa canção e o que ela representa atualmente para o Crystalic? 
"Scion" foi nosso retorno com a nova formação após "Persistence". Ela apresentou alguns novos elementos como vocais limpos e sintetizadores atmosféricos. Então, a ideia era obter uma nova musicalidade, mas mantendo nosso estilo, que ainda soa como puro Crystalic.



De qualquer maneira parece que agora a banda encontra-se em um novo estágio, tanto pelos novos membros, mas também musicalmente. Você concorda?
Sim, é sempre aquela sensação de frescor quando um novo membro entra na banda, pois afeta como nossa música irá soar. E também é um novo elemento para o Crystalic, faz com que nossa música se torne mais versátil e progredirmos como banda. Estou muito satisfeito com a nova formação.

Percebo muitas influências de bandas como King Diamond e Death na música do Crystalic. Acertei ou falei besteira? Aliás, quais suas inspirações na hora de compor?
Você pode perfeitamente ouvir as influências do Death, mas é a primeira vez que me falam sobre sermos influenciados por King Diamond! Mas, pensando bem, isso deve ter a ver com os solos de guitarra. Andy LaRocque é um guitarrista maravilhoso e fez um trabalho matador no álbum "Individual Thought Patterns", do Death. Minha inspiração é, claro, Chuck Schuldiner e o Death. Mas também gosto de ouvir  músicas mais tranquilas para ter um bom contraste e inspiração para melodias de guitarra e para a atmosfera. Tony MacAlpine é também um dos meus guitarristas favoritos e ele tem melodias de guitarra realmente únicas e estilosas. 

A Finlândia é mundialmente conhecida como um grande celeiro de bandas de heavy metal. Já que você está praticamente inserido nesta cena, o que pode nos falar sobre ela?
Ultimamente não tenho acompanhado a cena finlandesa, mas eu sei que temos muitas bandas boas que saem daqui o tempo todo. Acho que estou velho demais para responder esta pergunta (risos). Muitas bandas de metal, muitos metalheads, frio e escuridão... É isso.  [Nota: interessante notar como o relapso em acompanhar a própria cena metálica não é uma característica somente dos brasileiros...] 

Quais os planos futuros da banda? Já tem previsão para o lançamento de um novo álbum?
Estamos trabalhando nas músicas do nosso terceiro álbum e temos quase todo o material pronto. Não sei dizer ao certo o mês ou dia exato, mas acho que vai ser em meados de 2015. E acabamos de lançar uma música nova, "Lila Ruined", como um aperitivo do que está por vir.




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